28 de julho de 2009

Algo hicimos mal

O texto é longo mas vale a pena ser lido. São palavras do Presidente Oscar Arias, da Costa Rica, na Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago, 18 de abril de 2009.

ALGO HICIMOS MAL ("fizemos algo errado")

Tenho a impressão de que cada vez que os países caribenhos e latinoamericanos se reúnem com o presidente dos Estados Unidos da América, é para pedir-lhe coisas ou para reclamar coisas. Quase sempre, é para culpar os Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros. Não creio que isso seja de todo justo.

Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes de que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades desse país. Não podemos esquecer que nesse continente, como no mundo inteiro, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais: todos eram pobres.

Ao surgir a Revolução Industrial na Inglaterra, outros países sobem nesse trem: Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, mas aqui a Revolução Industrial passou pela América Latina como um cometa, e não nos demos importância alguma.

Certamente jogamos fora a oportunidade.

Há também uma diferença muito grande. Lendo a história da América Latina, comparada com a história dos Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não teve um John Winthrop espanho ou português, que viesse com a Bíblia em sua mão disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que brilhasse, como foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados Unidos...

Hà 50 anos atrás o México era mais rico que Portugal. Em 1950, um país como o Brasil tinha uma renda per capita mais elevada que o da Coréia do Sul. Faz 60 anos, Honduras tinha mais riqueza per capita que Cingapura, e hoje Cingapura em questão de 35 a 40 anos é um país com U$ 40.000 de renda anual por habitante.

Bem, algo nós fizemos mal, nós os latinoamericanos.

Que fizemos errado? Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos mal.
Para começar, temos uma escolaridade de 7 anos. Essa é a escolaridade média da América Latina e não é o caso da maioria dos países asiáticos.

Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, similar à dos europeus. De cada 10 estudantes que ingressam no nível secundário na América Latina, em alguns países, só um termina esse nível secundário. Há países que têm uma mortalidade infantil de 50 crianças por cada mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é de 8, 9 ou 10.

Nós temos países onde a carga tributária é de 12% do produto interno bruto e não é responsabilidade de ninguém, exceto nossa, que não cobremos dinheiro das pessoas mais ricas dos nossos países.

Ninguém tem a culpa disso, a não ser nós mesmos.

Em 1950, cada cidadão norteamericano era quatro vezes mais rico que um cidadão latinoamericano. Hoje em dia, um cidadão norteamericano é 10, 15 ou 20 vezes mais rico que um latinoamericano. Isso não é culpa dos Estados Unidos, é culpa nossa.

No meu pronunciamento desta manhã, me referi a um fato que para mim é grotesco e que somente demonstra que o sistema de valores do século XX, que parece ser o que estamos pondo em prática também no século XXI, é um sistema de valores equivocado. Porque não pode ser que o mundo rico dedique 100.000 milhões de dólares para aliviar a pobreza dos 80% da população do mundo "num planeta que tem 2 bilhões 500 milhões de seres humanos com uma renda de U$2 por dia" e que gaste 13 vezes mais ($1.300.000.000.000) em armas e soldados.

Como disse esta manhã, não pode ser que a América Latina gaste $50.000 milhões em armas e soldados. Eu me pergunto: Quem é o nosso inimigo?

Nosso inimigo é a falta de educação; é o analfabetismo; é que não gastamos na saúde de nosso povo; que não criamos a infraestrutura necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos; que não estamos dedicando os recursos necessários para deter a degradação do meio ambiente; é a desigualdade que temos que nos envergonha realmente; é produto, entre muitas outras coisas, certamente, de que não estamos educando nossos filhos e nossas filhas.

Quando alguém vai a uma universidade latinoamericana, parece que estamos nos anos sessenta, setenta ou oitenta. Parece que nos esquecemos de que em 9 de novembro de 1989 aconteceu algo muito importante, ao cair o Muro de Berlim, e que o mundo mudou.

Temos que aceitar que este é um mundo diferente, e nisso francamente penso que os acadêmicos, que toda gente pensante, que todos os economistas, que todos os historiadores, quase concordam que o século XXI é um século dos asiáticos não dos latinoamericanos.
E eu, lamentavelmente, concordo com eles. Porque enquanto nós continuamos discutindo sobre ideologias, continuamos discutindo sobre todos os "ismos" (qual é o melhor? capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo, socialcristianismo...) os asiáticos encontraram um "ismo" muito realista para o século XXI e o final do século XX, que é o "pragmatismo".

Para só citar um exemplo, recordemos que quando Deng Xiaoping visitou Cingapura e a Coréia do Sul, depois de ter-se dado conta de que seus próprios vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira muito acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o haviam acompanhado na Grande Marcha: "Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que me interessa é que cace os ratos". E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo quando disse que "a verdade é que enriquecer é glorioso".
E enquanto os chineses fazem isso, e desde 1979 até hoje crescem a 11%, 12% ou 13%, e tiraram 300 milhões de habitantes da pobreza, nós continuamos discutindo sobre ideologias que devíamos ter enterrado há muito tempo atrás.

A boa notícia é que isto Deng Xiaoping conseguiu quando tinha 74 anos. Olhando em volta, queridos presidentes, não vejo ninguém que esteja perto dos 74 anos. Por isso só lhes peço que não esperemos completá-los para fazer as mudanças que temos que fazer.

Muchas Gracias.

8 de julho de 2009

#foraSarney ?

Tchê, só ontem fiquei sabendo do movimento que fizeram pra tirar o Sarney do Senado. O nome é "#foraSarney", e pelo nome já podemos imaginar que começou na internet.

Claro que foi na internet, já que pessoalmente ninguém tem coragem e nem oratória suficiente para derrubar nenhum político brasileiro. Protesto de dentro de casa é fácil, o teto não é de vidro.

Mas o que me impressiona é isto: o Senado sempre foi coberto de sujeira! Ou ninguém sabia disso antes? Aí, de repente, um ou dois começam a falar que o Sarney está errado... do nada!

Quem aqui acha que a oposição ao governo mostrou essas porcarias do Sarney só porque eles são bonzinhos e não gostam de corruptos? Sério, alguém acreditou na boa intenção deles? É tudo dinheiro.

É mais do que óbvio que o governo também não é bobo (se fosse não estava lá), e por isso eles estão defendendo o Sarney, dizendo que "não se pode sair denunciando sem investigação". Mas também não porque eles gostam de justiça, e sim porque eles também têm interesse. Tudo interesse.

Os partidos que são contra o governo, claro, querem que o Sarney saia de lá para eles conseguirem mais poder. Já o governo, quer que o Sarney fique por lá porque se ele sair, a oposição entra... e ano que vem é ano de eleição!

Pensem: obviamente o Lula vai pedir licença com o intuito de ajudar a Dilma a virar Presidente (recesso branco denovo?). Se o Lula pedir licença, quem assume é o vice. E quando o vice viajar, quem assume? Bingo! Se dissestes "o presidente do Senado", não estás tão alienado assim.

Mas tu achas que eles vão deixar assumir um presidente do Senado de um partido concorrente, de oposição? Claro que não, por isso estão defendendo e blindando o Sarney com unhas e dentes. E assim vai ser.

Por isso, no Senado ninguém tem boas intenções. É tudo politicagem.

Acho que o Sarney nem deveria ter sido eleito (e com 50.000 votos ainda). Sim, acho que ele deva sair de lá. Mas pra falar a verdade, eu é que não vou ficar fazendo campanha pra tirar ele só porque apareceu no jornal ou porque um ou outro partido queira tirar ele de lá por interesse próprio.

Isso tem nome, e se chama "manipulação". E todo mundo que está defendendo este protesto está sendo manipulado, queira acreditar ou não.

Felizmente eu, que não fiz protesto, tenho a certeza de que não estou sendo manipulado. Só estou escrevendo a verdade, e ela diz é que devemos lutar por causas justas, nobres e perfeitas, e não por pseudo-articulações no mundo virtual.

6 de julho de 2009

De longa data

É... e pensar que tudo continua a mesma coisa. A mesma casa... a mesma rua...

5 de julho de 2009

Freud e Cocaína

O médico Sigmund Freud usava Cocaína. Ele mesmo, que deu início à psicanálise.

Um austríaco de nome Carl Von Scherzer, encontrou no Peru a folha de coca e enviou para um alemão, químico, de nome Albert Niemann. Este isolou o princípio ativo da folha e o chamou de cocaína. Só que a coisa ficou tão popular que o laboratório Merck passou a fabricar a substância e enviar para alguns médicos e cientistas para analisarem... e adivinhem: entre eles, Sigmund Freud.

Então ele fez algumas experiências descrevendo a droga. Começou a usá-la regularmente a partir dos 28 anos.

Dizem que usou até os 39. Putz!

Seu principal objetivo era usar a cocaína para o tratamento da dependência de morfina, que assolava a europa naquela época, e também como anestésico. Mas o que poucos sabem é sobre o seu amor por Martha Bernays, com quem Freud iria se casar depois que conseguisse dinheiro e fama.

Os experimentos de Freud com a cocaína foram muito importantes. Aliás, Freud é lembrado também como o fundador da "psicofarmacologia" exatamente por causa das suas experiências com cocaína!

Freud, em algumas cartas para Martha, dizia:

“(…) ter você completamente é a única exigência que eu faço para a vida.”

“(...) eu gostaria de ter conseguido algo realmente bom antes de nos encontrarmos novamente.”

“(…) a busca de dinheiro, posição e reputação, isso tudo quase não permite que eu lhe dedique uma ou duas linhas apaixonadas.”

“(...) minha querida namorada, você está mesmo certa. De agora em diante, eu também vou escrever somente sobre a viagem [para encontrá-la]… devo estar viajando sob efeito de coca a fim de controlar a minha terrível impaciência."


Então a cocaína foi rapidamente proibida na Europa. Entretanto, nos Estados Unidos, o pessoal ficava legal comprando pastilhas de cocaína por 15 centavos (cents) para curar dor de dente, e segundo o anúncio: instantaneamente!

No ano de 1884, a companhia farmacêutica Merck produziu mais de 1.400 Kg de cocaína. Em 1886 então, a produção foi de mais de 71 toneladas!

Relatos de Freud:

1. Para curar a depressão:

“Em minha última depressão severa, eu usei coca novamente e uma pequena dose elevou-me às alturas de uma forma maravilhosa. Agora mesmo, estou envolvido em pesquisar a literatura para uma canção de louvor a esta substância mágica.”

2. Para se sentir "mais homem":

“Um pouco de cocaína, para soltar a minha língua [para visitar Charcot]. Fomos para lá numa carruagem… R. estava terrivelmente nervoso, eu estava bem calmo com a ajuda de uma pequena dose de cocaína… Essas foram as minhas conquistas (ou melhor, as conquistas da cocaína), que me deixaram muito satisfeito.”

E então acabou se dando conta:

“Naquela época, eu estava fazendo uso freqüente da cocaína, para reduzir desagradável congestão nasal. E eu havia ouvido, alguns dias antes, que uma de minhas pacientes, que tinha seguido meu exemplo, desenvolveu uma extensa necrose da mucosa nasal. Eu fui o primeiro a recomendar o uso da cocaína, [entretanto] essa orientação fez com que eu me censurasse severamente. O mal uso dessa droga apressou a morte de um caro amigo meu.”

Freud chegou a recomendar a amigos a cocaína para curar Diabetes! E em seu primeiro artigo sobre a Coca, recomendou cocaína contra a dependência ao álcool e a morfina, além de colocar a cocaína como afrodisíaco! Enfim, Freud confiava no poder da cocaína, mas ela se mostrou aquém dos propósitos desejados pelo maluco psicanalista...

Mais tarde, nos Estados Unidos, um químico desenvolveu um remédio com a cocaína, e o chamou de... adivinhem... COCA-COLA! Posteriormente o remédio foi transformado em refrigerante e até hoje tem componentes da coca em sua fórmula.

Ah, vale lembrar que a bebida Coca-Cola originalmente chamava-se "Pemberton’s French Wine Coca", e foi inspirada na bebida francesa Vin Mariani, um tônico de vinho misturado com cocaína!

Pois é. As drogas já foram aceitas pela sociedade, além de terem sido criadas por nós. Além do Vin Mariani, tabletes de cocaína, subprodutos de heroína e ópio eram anunciados por aí na maior da normalidade, como a Heroína da Bayer.