14 de janeiro de 2008

(...)

O amor não acaba.
Não se pode amar duas pessoas ao mesmo tempo, e quem ama quer filhos...

Nesse mundo, existem pessoas felizes e pessoas infelizes. E podes ter certeza de que todas elas se questionam. Enquanto umas bebem água da torneira (quando têm água), outras bebem champagne... e se fazem as mesmas indagações!

Se existe uma coisa que unifica todas as pessoas nesse mundo, com certeza são as dúvidas que trazem(os) dentro. Elas se manifestam em silêncio, na forma de úlceras, insônias ou depressões, e até mesmo na forma de câncer. Se manifestam diante das mentiras consensuais.

Mas o que são essas tais "mentiras consensuais"?
Há! Sabia que tu não sabias isso!

Hehehe... mas são aquelas mentiras que todo mundo consentiu em passar adiante como se fosse uma verdade. Às vezes ouvimos de nossos pais, que ouviram de nossos avós e que, automaticamente, passamos para nossos filhos, colaborando assim para o bom andamento do mundo (tudo e todos fazemos parte de um grande ciclo, que se divide em diversos outros ciclos... uns virtuosos, outros viciosos)!

O amor, (um dos) sentimento(s) mais nobre(s) que existe(m), tornou-se a maior vítima deste consenso.

Mentiras consensuais: o amor não acaba, não se pode amar duas pessoas ao mesmo tempo, quem ama quer filhos, quem ama não sente desejo por outro, amor de uma noite só não é amor, o amor requer vida partilhada, amor entre pessoas do mesmo sexo é antinatural.

Tudo mentira!

O amor, como todo sentimento, é livre! É arredio a frases feitas, debocha das regras que tentamos impor! Esta meia dúzia de coordenadas que foram instituídas como verdades fazem com que muitas pessoas achem que estejam "amando errado", quando estão simplesmente amando! Super prejudicial!

Amando pessoas mais jovens, ou mais velhas, ou do mesmo sexo, ou amando pouco, ou amando com exagero... amando um homem casado, ou uma mulher bandida, ou platonicamente, amando e ganhando, todos eles... como se pudéssemos controlar o sentimento! O amor é dono dele mesmo, e nós somos apenas um hospedeiro!

Há outros consensos geradores de angústia: o mito da maternidade, a necessidade de um Deus, a juventude eterna.

Todos os dias descem do ônibus milhares de pessoas que parecem iguais entre si. Porém há entre eles os que não gostam de crianças, os que nunca rezaram, os que estão muito satisfeitos com suas rugas e gorduras, os que não gostam de festas e viagens, os que odeiam futebol, os que viverão até os cem anos fumando, os que conversam telepaticamente com extraterrestres, os ermitões, enfim, os desajustados de um mundo que só oferece um molde (muitas vezes, ele próprio desajustado).

Todos nós, que estamos quites com as verdades concordadas, guardamos, lá no fundinho, uma coisa que nos perturba, que nos convida para um exílio, que revela nossa "porção despatriada" por assim dizer, hehe. É a parte de nós que aceita a existência das "mentiras consensuais".

Entende que é melhor viver de acordo com o estabelecido, mas que, lá no fundinho, não consegue dizer nem amém.

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