28 de outubro de 2009

O Universo

Ainda hoje em dia, existem fenômenos científicos que resistem às explicações. Se a história conseguisse resolver a estes mistérios, o conhecimento que poderíamos obter conduziria a um grande salto para o futuro, mas quais seriam estes grandes mistérios?

  1. O universo perdido
    Tudo no universo é massa ou energia, mas não há nenhuma das duas em quantidade suficiente. Os cientistas acham que 96% do cosmos está perdido. Chegaram até a propor nomes a toda essa matéria perdida – "energia escura" e "matéria escura" – mas o nome continua a não dizer nada sobre ela. E não é que se trate de uma questão que não tenha importância; a energia escura está criando continuamente novas faixas de espaço e tempo, enquanto a matéria escura parece estar mantendo unidas todas as galáxias. Não é de estranhar que os cientistas se esforcem em buscar pistas de seus paradeiros.
  2. A vida.
    Pode-se dizer que é mais que um saco de moléculas, mas por que? A próxima vez que você ver uma árvore, pergunte por que ela está viva enquanto a mesa de tua cozinha não está. O fenômeno que chamamos vida é algo que os biólogos quase renunciaram em definir; em vez disso preferem pesquisar métodos para dotar de vida a diferentes combinações de moléculas. Estranhamente, a combinação mais esperançosa é similar em termos químicos ao detergente da lavadora de pratos.
  3. A morte.
    Aqui está o lado B do item anterior. Em biologia, as coisas finalmente morrem, mas não existe uma boa explicação para este fenômeno. Existem pistas que indicam que a ativação e desativação de certos genes que controlam o envelhecimento, mas se nossa teoria é certa, esses interruptores não deveriam ter sobrevivido à seleção natural. Depois está o argumento de que uma acumulação de falhas nos faz envelhecer. No entanto existem um monte de baleias e tartarugas que parecem envelhecer a um ritmo ridiculamente lento – se é que o fazem. Por suposto, se conseguimos averiguar a razão, isso poderiam ser uma grande notícia para o futuro dos humanos (ou inclusive para o planeta).
  4. O sexo.
    Charles Darwin pôde ter 10 filhos, mas não podia entender por que quase qualquer coisa em biologia emprega a reprodução sexual e não a clonagem assexuada, já que o sexo é um método de reprodução sumamente ineficiente. Seguimos sem saber a resposta. Parece plausível a sugestão que sustenta que o o fato de "embaralhar" nossos genes com os de outros indivíduos nos torna mais capazes de suportar as mudanças do meio ambiente, mas as evidências são escassas. Por enquanto, o sexo parece existir só para dar aos machos algum papel na vida.
  5. O livre arbítrio.
    Se quiser manter a sensatez, olhe para outro lado. Os neuro-cientistas estão quase convencidos de que o livre arbítrio é uma ilusão. Seus experimentos mostram que nossos cérebros nos permitem pensar que controlamos nossos corpos, mas nossos movimentos começam antes de que tomemos qualquer decisão consciente de movimento. Alguns pesquisadores já assistiram julgamentos para testemunhar que o acusado não pode ser acusado de nada do que fez. Espera-nos um futuro legal realmente horrível.

7 de outubro de 2009

2016 à vista

Sou a favor das Olimpíadas no Rio em 2016.

Por quê? Simples, explico abaixo:

Primeiro irei começar contando a história do rei Ludwig II. Poderia começar discorrendo sobre o seu avô, Ludwig I (talvez até devesse). Era simplesmente um pândego o velho Ludwig. Apaixonou-se pela dançarina espanhola Lola Montez, e por ela perdeu toda a sua fortuna e o seu reino. Um homem que é arruinado por uma mulher merece todo o respeito - trata-se de um homem movido por valores sólidos.

Ludwig II, como o seu avô, tornou-se rei da Baviera, abençoado estado da Alemanha. Mas ao contrário do avô, Ludwig II não era um apreciador de damçarinas, nem de quaisquer fêmeas. O jovem Ludwig gostava era de rapazes. Um deles em especial, certo escudeiro com quem manteve relacionamento bastante "amistoso" por mais de DUAS DÉCADAS. Quando este escudeiro se casou com uma mulher, o rei confessou a amigos que o casamento estava-lhe sendo mais doloroso do que a guerra Franco-Prussiana. Puxa vida.

Mas ninguém recebeu tanto amor do rei quanto um homem mais velho: o compositor Richard Wagner. Ludwig protegeu Wagner, quitou as suas dívidas, deu uma casa para o homem morar, inaugurou um teatro para representa as óperas de sua autoria e escrevia-lhe cartas bastante abrasadoras, como se estivesse se correspondendo com uma amante. Do tipo:

"Inquebrantável é o laço que nos une. Firme, sagrado, eterno e profundamente encantador o amor que por ti arde na minha alma".

Óbvio, o rei era homossexual. Porém, é provável que não tenha perdido a virgindade durante seus parcos 41 anos de vida. Chegou a anunciar o casamento com uma linda prima, mas desistiu pouco antes da cerimônia, alegando que preferia se afogar num lago dos Alpes a partilhar o leito com uma mulher.

Ludwig sublimou sua repressão sexual de uma forma que só um rei poderia fazer: construindo castelos. Consumiu todos os preciosos marcos do tesouro real erguendo castelos em meio às nuvens do alto das montanhas da Baviera. São construções de questionável gosto arquitetônico, mas de inegável imaginação infantil.

A imaginação infantil é um mérito, afinal, TODA imaginação é infantil. Hoje, mais ou menos 120 anos após a morte de Ludwig, seus castelos ainda encantam o mundo inteiro. Um deles tornou-se célebre ao servir de modelo para a Disney criar o castelo da bruxa inimiga da Cinderela.

Mas construir castelos nababescos não foi o suficiente para aplacar as angústias do rei. Aos poucos ele foi se isolando do mundo. Dormia durante o dia e acordava à meia-noite para cavalgar pelos campos reais. Abraçava ternamente as colunas de concreto dos castelos, conversava com determinada árvore em determinada floresta, ouvia vozes. Lideranças alemãs cogitaram declará-lo impedido de governar, mas teriam que passar a coroa para seu irmão mais novo, Otto, mas Otto vinha se comportando de maneira ainda mais estranha do que Ludwig nos últimos dias: de quando vez, o príncipe Otto latia para as visitas.

A solução foi transferir o governo para um tio de Ludwig que era mais velho, não falava com árvores e não latia nem rosnava. Um psiquiatra diagnosticou que o rei estava perturbado e Ludwig foi aprisionado em seu próprio castelo. Um dia, ele e o psiquiatra passeavam pelos jardins e não mais retornaram. Depois de horas de buscas, os corpos de ambos foram encontrados num lago das imediações. Ludwig morreu afogado; o psiquiatra tinha marcas de agressão. Ninguém jamais descobriu o que aconteceu. Ludwig foi um mistério até na hora da morte.

Este é o meu motivo. Como se percebe pela história de Ludwig, o problema não é o país ter dinheiro; o problema é como ele gasta o dinheiro. Na Baviera de Ludwig não havia corrupção, mas o rei dissipava os fundos do tesouro em castelos de sonho e contos de fada. Antes que sejam dissipados em ginásios, estádios, metrôs, avenidas, estacionamentos e segurança pública. Por isso que sou a favor da realização da Olimpíada de 2016 no Rio.