29 de março de 2008

Me tira desse lugar

Passava de carro por uma rua dessas, fora do centro da cidade, quando vi um casal bem jovem de namorados, namorando. Estavam sentados em um banco de praça, como como acontece desde que o mundo é mundo e desde que existem bancos em praças.

Peja janela do carro, numa fração de segundo, vi que o casal estava abraçado. O rapaz, que era novo, olhava para o nada, bem longe... e a mocinha, ainda mais nova e de cabelos longos, cabisbaixa e triste, cutucava o chão com a ponta do sapato procurava algo.

Talvez um buraco para se enfiar e ficar lá para todo o sempre.

Quando vi a triste cena, comecei a imaginar uma conclusão para essa história:
A menina está triste, ela quer ir embora desse lugar, desse fim de mundo que é o subúrbio onde mora. E ela pede ao namorado:

- Me leva daqui, me tira desse lugar, me roube da casa de meus pais e me leve daqui! – Começa a soluçar e chorar baixinho, enxugando as lágrimas nos sedosos e negros cabelos... Ela não tem outro sonho que não seja o de sumir dali. Mas o rapaz, penso eu, explica que o que ganha no emprego de ajudante (não explica para a menina ajudante de quê), não pode nem se sustentar, quanto mais sustentar a eles dois. Tenta fazê-la entender, mas...

Acho que cheguei tarde e, quando os vi, já haviam dado um fim ao namoro, aos sonhos e ilusões, por isso ele olhava para o nada e ela para o chão.

No olhar desolado dos dois eu parecia ler uma placa dizendo:
Não há futuro no subúrbio! (com ponto de exclamação mesmo)

Mas posso estar somente divagando, afinal passei voando pelo casalzinho. Talvez estivessem só decidindo onde passar o resto do domingo, se num shopping ou passeando de mãos dadas pela praia...

Sei lá o que decidiram, mas eu preciso parar de divagar desse jeito...

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