18 de setembro de 2008

Quarenta coisas que um homem pelado não pode ouvir

1. Eu já fumei cigarros mais grossos que isso.

2. Ahhh, que meigo.

3. Nós poderíamos apenas ficar abraçados.

4. Você sabia que tem uma cirurgia para consertar isso?

6. Posso desenhar aquela carinha feliz nele?

7. Uau, e seu pé era tão grande.

8. Tudo bem, nós vamos trabalhar em cima disso 

9. Ele vai fazer algum som se eu apertá-lo?

10. Ai, de repente me deu uma dor de cabeça...

11. (ri e aponta)

12. Posso ser honesta com você?

13. Que lindo, você trouxe incenso...

14. Isso explica o seu carro.

15. Talvez se a gente regar ele cresce.

16. Por que Deus está me punindo?

17. Pelo menos isso não vai demorar muito.

18. Eu nunca vi nada igual a isso antes.

19. Mas ele ainda funciona, né?

20. Ele tá parecendo um pouquinho usado.

21. Talvez ele tenha uma aparência melhor na luz natural.

22. Por que nós não pulamos direto pra parte do cigarro?

23. Você está com frio?

24. Se você me embebedar primeiro...

25. Mas como "já está duro"?

26. O que é isso???

27. Sorte sua que você tem muitos outros talentos.

28. Ele vem com um compressor de ar?

29. Isso tá parecendo isca de peixe.

30. Então é por isso que você sempre julga as pessoas pela personalidade.

31. Se eu tocar uma flauta adianta alguma coisa?

32. Será que hoje ele está de folga e não avisou?

33. Ele se encolhe quando está com medo?

34. Credo...

35. E depois dizem que é a nossa que cheira a peixe...

36. Posso chacoalhar?

37. O que acontece se eu puxar aqui?

38. E você ainda usa uma peça de roupa a mais só pra segurar isso?

39. Tadinho!

40. Oi, bilau! Será que vc pode chamar o seu pai?

9 de setembro de 2008

A Carona

Buenas!
Aconteceu comigo. Juro.

Meados de 2002, eu trabalhava numa empresa de informática em Bagé. Era o técnico responsável, então quem lidava com quase todos os casos problemáticos dos clientes (que já são problemáticos) e dos que, ocasionalmente, os estagiários (também ocasionais) provocavam.

Na época, ADSL era uma coisa muito recente, e poucos tinham o conhecimento do que se tratava. Como eu tinha realizado um treinamento no Paraná, éramos os únicos na cidade que sabíamos lidar com a tecnologia.

Foi então que fomos contratados para refazermos toda a estrutura de redes e internet de uma revenda muito conhecida de carros novos e usados. De tão conhecida, o dono estava sendo aclamado prefeito de Bagé com dois anos de antecedência... ô vida!
Feito o trabalho, após um final de semana inteiro, fomos pra casa. Na segunda-feira pós-final-de-semana-perdido, quando chegávamos na empresa novamente, eis que escutamos um breve recado na secretária eletrônica: o mesmo dono queria que nós fizéssemos o mesmo serviço na revenda da cidade de São Gabriel! Realmente pude me gabar: como eu trabalho bem (tri convencido, né!)!

Acertamos tudo: no outro dia, às 4:45h da manhã, o Eduardo passaria na minha casa pra me buscar e me levar para São Gabriel, numa van verde. Tudo certinho, tim-tim por tim-tim.

Era o que eu achava!

4:45h da manhã, quando estava abrindo a porta da frente da minha casa, vejo uma van verde passando bem devagarinho pela minha rua. Pensei comigo: é o Eduardo!
Gritei:

- Ooooopa! - Paraí que já tô indo!

E fechei a porta rapidinho, antes que ele me deixasse por ali.

Quando cheguei na porta da van, perguntei:
- Tu que és o Eduardo?
E o motorista:
- Sim, sou o Luís Eduardo.

Tudo bem, então entrei. Mas na porta vi que a van estava completamente LOTADA, exceto por um único lugarzinho láááá no fundo, perto do motor. Nota: Lotada de IDOSOS, homens e mulheres... completamente CARECAS. Tranqüilo, não dei bola e fui pro único lugar que sobrava.

Acabei pegando no sono. Afinal, não estava acostumado a levantar todos os dias a esse horário. Só que no meio do caminho, eu via a van andando por ruas de chão batido, cheias de buraco... e em cada buraco, a minha cabeça batia no vidro da janela, e eu me acordava. Num desses malditos buracos, eu escutei uns velhinhos conversando: - Ah, o meu é maligno, mas eu dou conta dele! E o teu? -Ah, o meu é benigno, mas nem tô. Estranho, mas vamos em frente, até porque o motorista pode simplesmente estar realizando um ato de caridade e dando uma carona para estes idosos carecas, o que não é nada fora do normal, não é mesmo?

Foi quando me acordei pela última vez, e a van estava passando por um quebra-molas. Quando olhei a cidade pela janela, vi que eu conhecia aquela cidade, só não estava me recordando qual era... e isso tudo era muito estranho, visto que eu não conhecia São Gabriel! Quando vejo, a van entrando numa rua estreitinha e estacionando na frente do HOSPITAL DE ONCOLOGIA DE PELOTAS. Pensei: de repente estamos fazendo uma breve escala por Pelotas antes de chegarmos a São Gabriel. Começaram a descer os velhinhos... descendo... descendo... até que só sobrei eu dentro da van. Quando o motorista, o Luis Eduardo, me viu bem sentado dentro da van, abriu a porta da van, colocou a cabeça pra dentro e disse, com o cenho franzido:
- E tu, vais pra onde?
- Ué, eu vou pra São Gabriel! - respondi, na mesma hora. Que estranho ele não saber!

Eis então que me atiça as vistas...
- Mas tu estás louco? - Essa van é pra trazer quem tem câncer em Bagé pra fazer tratamento em Pelotas! Nisso, ele pegou uma lista, que deveria ser a lista de passageiros, enquanto perguntava meu nome...
- É... realmente não tem nenhum Vitor aqui. - Puxa vida, eu te trouxe e deixei a Dona Rosana! - Mas tu és um abobado!
- Abobado é tu que me confundiu com uma mulher! - respondi.
- Tu não és o Eduardo da concessionária Chevrolet? - perguntei.
- Não! Sou o Luis Eduardo do hospital! - ele respondeu.

E foi assim. Depois disso, descobri que ele só voltaria pra Bagé de tardezinha (eram 9h da manhã), e que teria que dar um jeito de voltar. A minha sorte era que eu tinha recebido meu ordenado no dia anterior, e andava com o bolso "recheado" (de moedas, claro). Caminhei alguns quilômetros até a rodoviária e peguei o ônibus de volta pra Bagé, normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Obs. 1:
Quando entrei na van, um senhor já de idade (careca, óbvio), me perguntou:
- Vais consultar lá?
E eu respondi:
- Não, não... vou fazer uma rede.
Ele deve ter pensado que já tinha afetado o meu cérebro... a coisa devia estar séria.

Obs. 2:
Minha mãe disse que, logo depois que eu saí, bateram lá em casa. Era um senhor, numa van verde, procurando por mim. A minha mãe respondeu:
- Ué, o Vitor foi pra São Gabriel.
E o Eduardo:
- Mas como, se eu que vim buscar ele?

Hehe, aconteceu comigo. Peguei carona numa van que carregava pessoas com câncer, para fazerem quimioterapia em Pelotas.

5 de setembro de 2008

A cabana

Hoje finalizei mais um livro: A Cabana.

Há duas semanas atrás, quando enxerguei-o na prateleira da livraria, logo gostei da capa. Não sei bem o porquê (talvez até nem tenha explicação), mas sou fascinado por capas. Acho simplesmente que elas são a chave do sucesso de um livro ou de um filme. Na capa, óbvio, aparece uma cabana. Mas não uma cabana simples, como imaginaríamos naquele mundo irreal e utópico: uma cabana muito velha e bem destruída pela ação incansável e diária do tempo. O fundo é a noite, em um preto azulado, com o céu repleto de estrelas cintilantes, e dá para perceber que está nevando, pois o chão do lado de fora da cabana está branquinho, branquinho.

Bom, a história do livro é a seguinte:

A personagem principal, Mackenzie (chamado de Mack), é um senhor, pai de família, conciliador e "de bem com a vida". Até um final de semana que tenderia a ser normal: viagem com as crianças para o que eu imagino que seja uma reserva ambiental, com grandes planícies e árvores verdes, riachos e monitores (pessoas) cuidando do meio-ambiente.

Quando menos se espera, Mack surpreende-se, após um bom pedaço do livro, com sua filha mais nova, Missy, sendo raptada e brutalmente assassinada por um maníaco.

Após este fato, Mack simplesmente mudou. A "Grande Tristeza", como ele mesmo se refere, instaurou-se na vida dele e virou sua companheira - de fato. Até que um dia ele recebe, em sua caixa de correio, um bilhete, chamando-o para um encontro - NA CABANA. E o mais estranho: assinado, simplesmente, por DEUS.

É isso mesmo. Deus.

O que Mack encontrou na cabana, não parece que vá chamar a atenção e prender o leitor realmente. Eu mesmo achava isto quando comecei a ler o livro. Mas simplesmente este livro modificou meus olhos, ou o jeito que eu enxergo o mundo. Aconselho todo mundo a lê-lo, e a distribuir, dar de presente a quem quer que seja. É uma história verídica, narrada pelo próprio Mack, que vale a pena ler. É daqueles livros que servem de lição, PARA O RESTO DA VIDA.