19 de fevereiro de 2010

Nosso crescimento

Não é raro se escutar que a família é construída a partir das pessoas. Pais, filhos, sobrinhos, netos, avós, etc, ligados por laços culturais, de parentesco sanguíneo ou não.

Aliás, antigamente era muito mais comum a união de pessoas de uma mesma família. O casamento entre dois irmãos era uma prática comum na Idade Média. E até cincoenta anos atrás, o casamento entre primos era aceito sem problema nenhum.

Não existe família sem pessoas. Ou existe? A resposta é não, não existe.

Tudo se inicia através da constatação de que a família é constituída, quase sempre, de pessoas super diferentes, díspares, mas que vão se assemelhando através do tempo. Ficando parecidas, ou até iguais.

E não é exagero dizer que pessoas que vivem juntas há muito tempo são parecidas fisicamente. A explicação é lógica: como vivem há muito tempo juntos, passaram pelas mesmas emoções. Logo, possuem os mesmos traços de expressão. Mas mesmas tristezas, as mesmas alegrias, dividiram as conquistas, multiplicaram, enfim, as suas vidas.

Um casal, por exemplo, ao "montarem" uma família e morarem juntos, dividindo a mesma cama e o mesmo teto, reúne duas pessoas com histórias e experiências de vida completamente diferentes.

Quando o poeta afirma que dentre as coisas que catalisaram a sua vida, teve o aconchego do lar paterno, ele está afirmando a força de uma formação que se organiza a partir de uma vida bem estruturada, capaz de construir pessoas com base no amor, no respeito e na liberdade. E isso não é utopia, o inverso também é verdadeiro: pessoas sem estrutura são fruto de famílias incapazes de qualquer tipo de relação afetiva. Não têm amor (já escrevi sobre isso em um post, leia-se "Eles não têm amor").

Pode haver diferenças, exceções à regra, mas a regra geral é esta.

O verbo que move a construção das pessoas é amar. Como todo verbo, ele precisa começar e ser desenvolvido. Não nasce pronto. É o tempo que lapida este verbo.

É um verbo ativo, que não admite passividade ou acomodação. De fato, amor não é só sentimento, como dizem alguns: "eu vou só amar quando começar a sentir...". Não!

Deve-se procurar o amor desde o primeiro passo! Se eu não começo a amar, nunca vou sentir nada!

O amor traz a construção de uma família e a compreensão, o apoio, a confiança, a liberdade. O casal deve "se suportar". Não no sentido de "se aturar", mas sim no de "dar suporte" um ao outro. Para que a construção seja sólida, como a casa sobre a rocha, é preciso o interesse e o perdão. E o arrependimento. O perdão não se trata de uma atitude leviana e comodista.

Perdoar, do latim "per donare" (dar para), é dar alguma coisa a quem precisa. Se alguém me machuca, torna-se meu devedor. Quando o perdôo, a dívida fica quitada. A "matéria-prima" do perdão é o erro do outro. Porque erramos, Deus nos dá o seu perdão.

Resumindo, num casamento, ou numa família, a tentação baterá à porta por diversas vezes. Se cedermos, seremos fracos e inconsequentes. Trocaremos o abraço quentinho e o carinho certo por um futuro incerto, de desconfianças e incertezas. Vale mesmo a pena trocar o certo pelo duvidoso? Trocar uma vida inteira de possibilidades de um futuro afetivo e amoroso por uma ou mais aventuras?

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